quarta-feira, março 28, 2007

Livros da minha vida IV

A história interminável (trecho)

O silêncio era tão absoluto que o seu ouvido apurado ouvia os passos de um viandante rangendo na neve, lá muito longe ainda. [...] Tudo nele era cinzento como a pedra, o fato, a cara e o cabelo. Quando estava assim, de pé e imóvel, parecia esculpido num bloco de lava. Só os seus olhos cegos eram escuros, e tinham lá no fundo um brilho que parecia uma chamazinha.
Quando Bastian - pois era ele o viandante - se aproximou, disse:
- Bom dia. Perdi-me. Procuro a fonte donde brotam as Águas da Vida. Podes ajudar-me?
O mineiro escutava a voz que assim falava.
- Não te perdeste - murmurou ele. - Mas fala baixo, se não as minhas imagens quebrar-se-ão. [...] Depois o mineiro encostou-se para trás, na cadeira, e os seus olhos pareciam olhar para muito longe através de Bastian; perguntou num murmúrio:
- Quem és?
- Chamo-me Bastian Balasar Bux.
- Ah, então ainda sabes o teu nome.
- Sim. E quem és tu?
- Sou Yor, a quem chamam o Mineiro Cego. Mas só sou cego quando há luz. Na minha mina, onde reina a escuridão total, posso ver.



Num mundo de magia, poder e ilusão a história de um menino que é muito solitário e timido, vive no seu Mundo e por mero acaso esconde-se num sotão onde descobre um Livro com esse mesmo nome.
Levado para uma terra de fantasia á beira da destruição faz novos amigos e luta por objectvos desprendidamente.


terça-feira, março 27, 2007

Cada um só tem o que merece...

No passado dia 25 de Março de 2007, foi divulgada a votação final de "Os Grandes Portugueses". Curiosamente ou não ganhou um sr. de nome António de Oliveira Salazar com 41% dos votos dos "portugueses" é importante que se veja que foram 159245 votantes ou que dá aproximadamente 65 mil telefonemas no sr. Salazar. Não nego que seja uma importante figura da história recente de Portugal no entanto elege-lo com o Grande Português de todos os tempo não deixa de ser irónico.
A "Time Magazine" elege, desde 1927, anualmente a personalidade do ano e em 1938 escolheu Adolf Hittler. Não tenho nada contra esta escolha, alias, até concordo porque para o bem ou para o mal ele foi a personalidade do ano, como Salazar teria sido se tivéssemos uma "Revista Tempo".
O que me revolta na verdade é a ironia. O português mais votado nesse programa, se ainda estivesse vivo não teria deixado que esse programa tivesse existido, logo não tinha ganho o "título" de "O Grande Português"
Deixo o resultado final das Votações:
António de Oliveira Salazar – 41,0%
Álvaro Cunhal – 19,1%
Aristides de Sousa Mendes – 13,0%
D. Afonso Henriques – 12,4%
Luís de Camões – 4,0%
D. João II – 3,0%
Infante D. Henrique – 2,7%
Fernando Pessoa – 2,4%
Marquês de Pombal – 1,7%
10º Vasco da Gama – 0,7%
Post Scriptum: Não quero que se entenda que gostaria que tivesse ganho antes o Álvaro Cunhal. Pelo contrário tanto ele como o Salazar não deveriam estar nesta votação. Só acho que assim os portugueses têm o país que merecem.