Este fim-de-semana, assim que cheguei a Spotville fui ao bar onde costumo ir para beber um copo e ver a rapaziada.
Mas mal entro numa das ruas no centro da cidade, deparo-me com uma das cenas mais estranhas que já vi até hoje.
Ainda incrédulo com o que tinha visto, toco á campainha e o porteiro mal me vê sorri e pergunta: - Então, já não te via há algum tempo
- Tive que ficar em Lisboa o fim-de-semana que passou e não pude mesmo cá vir. O chibatarim está?
- Está lá dentro a rogar pragas á cidade.
- Estes gajos da Amadora, são sempre a mesma coisa. Bem vou cumprimentá-lo.
Mal entrei, saltou-me á vista uma exposição de fotografia digital feita por uma amiga minha e que caso não gostasse, tinha de pensar rapidamente num bom argumento para dar.
Mal chego ao balcão vejo o chibatarim, um jovem com aspecto gótico e com uma barbicha triangular, na sua posição preferida. Estava de gatas a arrumar copos.
- Então, ainda agora cheguei e já estas a fazer um esconde-te que vem aí o teu pai?
- Que engraçadinho! Hoje começas cedo.
- Tu é que estás a pedi-las ao pores-te nessa posição.
- E querias que arrumasse os copos como?
- Sei lá.
- Então bebes café ou imperial?
- Pode ser café, antes de começar as festividades.
- E novidades?
- Nenhumas, aquilo por lá continua tudo na mesma, mas agora de cá já não posso dizer o mesmo.
- Então?
- Nem imaginas, vinha ali na rua a passar de carro e nem sequer sonhas com o que eu vi!
- Deves ter visto alguma das boas.
- Nada mais nada menos que uma data de gajos no meio da rua a fazer de José Castelo Branco.
- Tas a gozar!
- Não estou nada, juro-te que estava uma carrada de gajos a imitar o José Castelo Branco ali no meio da rua.
- Desculpem meter-me na conversa – disse um rapaz de óculos escuros com ar de quem já tinha visto melhores dias.
- Mas vocês falaram em José Castelo Branco?
- Falámos – respondi eu a olhar intrigado para tal personagem.
- Bem me parecia, é que tenho um primo meu que o conhece.
- Bom para ele – respondi eu, numa tentativa de matar por ali o assunto.
- Pois é verdade que ele o conhece, conheceram-se num cabaré de Lisboa.
- Ahhhhhhh. Tou a ver daqui! Tira-me mas é uma imperial se faz favor, Chibatarim.
- Desculpem outra vez, mas posso só fazer mais uma pergunta?
- Pode.
- Por acaso não vendem droga?
- Por acaso até não. Porquê, temos cara de quem vende?
- Não. Desculpe mas podia receber o meu cartão antes de tirar a imperial para este senhor?
- Então está com pressa?
- Tou, tennho de ir agora ali para o meio da rua fazer de José Castelo Branco.