quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Comunicado da S.A.D. do F.C. Porto

Após Simão Sabrosa ter sido o primeiro português a adquirir uma licença original do novo Windows Vista Home Premium Edition no Centro Comercial Colombo, a SAD do Futebol Clube do Porto, anunciou em conferência de imprensa que Ricardo Quaresma será o primeiro português a vender uma cópia pirata do Windows Vista Ultimate Edition na feira de Carcavelos.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

O mundo é uma bola de algodão

Poderia ser um dia como os outros todos, não fosse o piqueno facto de este maravilhoso mundo onde vivemos não parar.
Muito provavelmente, neste preciso instante, algures para os lados do Burkina Faso, alguém está a ser assaltado, com uma navalha feita com o metal retirado de algum contentor de ajuda humanitária da ONU, enquanto nos EUA, alguma rapariga estará a fazer amor com o seu namorado pela 1ª vez, na sua longa vida de 14 anos.
Também poderá existir algum puto a ser violado por algum padre católico na Colômbia, no exacto momento em que, algumas centenas comemoram o golo da sua equipa lá para os lados de Old Trafford.
Em Vladivostok um condutor embriagado, despista-se ceifando a vida a dois peões, que circulavam tranquilamente num passeio e na Suécia, os accionistas de uma fábrica de Vodka, comemoram tranquilamente a subida das vendas, graças ao aumento das exportações para a Rússia.
Uma rapariga é queimada com ácido pelo próprio marido por motivos de castas em Bombaim, porque não tem a mesma sorte que a mulher que está neste preciso instante a ser pedida em casamento na ponte de Rialto em Veneza.
Algumas dezenas estarão a ser mordidas por algum insecto manhoso e extremamente venenoso lá para os lados de Sidney, enquanto algum prisioneiro é barbaramente torturado numa qualquer prisão chinesa perto de Pequim.
Num laboratório de tecnologia no centro de Tóquio, algum engenheiro electrónico conseguiu conceber um chip de computador mais rápido ao mesmo tempo que um carro explode no centro de Bagdad, matando dezenas de pessoas que simplesmente, ali se encontravam, com o objectivo único de “matar” a fome aos seus filhos.
Mas o mais importante é que algures num país á beira do atlântico, 10 milhões de pessoas, continuam a ser lixadas pelo mesmo político.
E eu? Eu continuo a beber a minha muine.....

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Livros da minha vida II

O Cavaleiro da Dinamarca (trecho)

A Dinamarca fica no Norte da Europa. Ali os Invernos são longos e rigorosos com noites muito compridas e dias curtos, pálidos e gelados. A neve cobre a terra e os telhados, os rios gelam, os pássaros emigram para os países do Sul à procura de sol, as árvores perdem as suas folhas. Só os pinheiros continuam verdes no meio das florestas geladas e despidas. Só eles, com os seus ramos cobertos por finas agulhas duras e brilhantes, parecem vivos no meio do grande silêncio imóvel e branco.
Há muitos anos, há dezenas e centenas de anos, havia em certo lugar da Dinamarca, no extremo Norte do país, perto do mar, uma grande floresta de pinheiros, tílias, abetos e carvalhos. Nessa floresta morava com a sua família um Cavaleiro. Viviam numa casa construída numa clareira rodeada de bétulas. E em frente da porta da casa havia um grande pinheiro que era a árvore mais alta da floresta.
Na Primavera as bétulas cobriam-se de jovens folhas, leves e claras, que estremeciam à menor aragem. Então a neve desaparecia e o degelo soltava as águas do rio que corria ali perto e cuja corrente recomeçava a cantar noite e dia entre as ervas, musgos e pedras. Depois a floresta enchia-se de cogumelos e morangos selvagens. Então os pássaros voltavam do Sul, o chão cobria-se de flores e os esquilos saltavam de árvore em árvore. O ar povoava-se de vozes e de abelhas e a brisa sussurrava nas ramagens.
Nas manhãs de Verão verdes e doiradas, as crianças saíam muito cedo, com um cesto de vime enfiado no braço esquerdo e iam colher flores, morangos, amoras, cogumelos. Teciam grinaldas que poisavam nos cabelos ou que punham a flutuar no rio. E dançavam e cantavam nas relvas finas sob a sombra luminosa e trémula dos carvalhos e das tílias. Passado o Verão o vento de Outubro despia os arvoredos, voltava o Inverno, e de novo a floresta ficava imóvel e muda presa em seus vestidos de neve e gelo.
No entanto, a maior festa do ano, a maior alegria, era no Inverno, no centro do Inverno, na noite comprida e fria do Natal.
Então havia sempre grande azáfama em casa do Cavaleiro. Juntava-se a família e vinham amigos e parentes, criados da casa e servos da floresta. E muitos dias antes já o cozinheiro amassava os bolos de mel e trigo, os criados varriam os corredores, e as escadas e todas as coisas eram lavada, enceradas e polidas. Em cima das portas eram penduradas grandes coroas de azevinho e tudo ficava enfeitado e brilhante. As crianças corriam agitadas de quarto em quarto, subiam e desciam a correr as escadas, faziam recados, ajudavam nos preparativos. Ou então ficavam caladas e, cismando, olhavam pelas janelas a floresta enorme e pensavam na historia maravilhosa dos três reis do Oriente que vinham a caminho do presépio de Belém.
Lá fora havia gelo, vento e neve. Mas em casa do Cavaleiro havia calor e luz, riso e alegria.


Muito forte e impressivo esta obra caracteriza-se pela descrição de lugares e símbolos da cultura da humanidade. Das terras longínquas das Palestina, a Veneza, a Flandres e o norte da Europa uma série de aventuras são narradas culminando com o regresso ao lar do cavaleiro guiado pela luz cuja simbologia ainda hoje é utilizada no natal através da iluminação colocada nos pinheiros de natal.