segunda-feira, outubro 17, 2005

Rotinas diárias - Amanhecer Violento

Segunda-feira, 7:15 da manhã

“Trânsito lento na segunda circular, devido a um grave acidente na IC17 – Cril no sentido Lisboa / Algés”.
As primeiras palavras que me conseguem fazer acordar, volto-me e mando um chapadão no despertador que voltou a tocar pela oitava vez.
Ahhh, nada como um amanhecer de um qualquer dia de trabalho normal.
Levanto-me, e é sentado na cama que inicio o ritual diário de coçar os ditos, afinal de contas depois de uma noite de sono, home que é home coça os ditos, quanto mais não seja para ver se eles ainda para ali andam.
7:30 – Enquanto tomo o meu duchezinho matinal ouço a puta da mulher do cabrão do meu vizinho de cima, a berrar com o marido e os cachopos para se levantarem.,
O pior é que também faz esta cena aos fins-de-semana (se fosse só durante a semana, chamava-lhe apenas histérica).
Não admira portanto que o cabrão comece a esburacar a casa logo ás 8h de um qualquer Domingo, como se estivesse a trabalhar na câmara de Lisboa, pois aquela casa está sempre em obras.
7:45 – Depois do banhinho tomado e de estar vestido, dou inicio ao meu programa diário intitulado “Onde é que raio, pus as chaves do carro?”
E não pensem que é monótono, pois arranjo maneira de as colocar num sitio diferente todo o santo dia. Acho que já as deixei uma vez algures dentro da dispensa, não me perguntem porquê.
7:50 – Finalmente saio de casa com um ar taciturno, o meu organismo já começou a pedir-me a dose de drogas diária. O pior é que só daqui a 30m com um pouco de sorte é que vou conseguir satisfazer esse desejo de café e tabaco.
Chego ao pé do carro, o que tendo em conta que vivo na Amadora é um milagre não encontrar apenas o lugar dele.
Abro a porta do carro, meto a mão ao bolso e Porra, tenho de voltar lá acima para ir buscar o telemóvel.
8:00 – Finalmente saio da minha rua em direcção da famosa 2ª Circular, chego á rotunda e eis que surge um fogareiro a atravessar a faixa de rodagem bem à minha frente.
Derivado a isto digo as minhas primeiras palavras da manhã “Ó fogareiro de um cabrão, os piscas no teu carro devem ser um extra que não compraste!”, seguido de uma valente buzinadela.
O fogareiro estica o dedo do meio e começa a barafustar gesticulando rapidamente com ambas as mãos.
Nada como um bom-dia carinhoso dado pelos nossos colegas de estrada, para nos alegrar o dia e dizermos primeiro palavrões do que o tradicional “Bom Dia”.
8:30 – Chego ao cafezito onde já sou cliente há 3 anos e digo o primeiro bom-dia seguido de uma perguntinha inocente
- Então, agitaram muitos lencinhos brancos ao Peseiro?
- Ó pá, parvo era eu se lá fosse ver aquela cambada de coxos a jogar – responde-me o dono enquanto me serve o meu primeiro café do dia.
Fumo um cigarro enquanto bebo o café e voou passando os olhos para o jornal matinal.
As pessoas vão entrando com cara de quem está disposto a bater num determinado Inglês que ganhou o Euromilhões de Sábado em vez deles, coisa que os obriga a ir trabalhar.
8:56 – Finalmente chego á empresa, passo o cartão pela máquina e dirijo-me ao elevador com ar de quem vai entrar no inferno para cumprir a pena de oito horas diária.

Sem comentários: